domingo, 10 de março de 2019

Sobre cicatrizes


Eu carrego as cicatrizes de um amor de cinco anos.
Carrego as cicatrizes de um amor de uma vida inteira.
Carrego as cicatrizes das ilusões e dos sonhos que foram construídos ao longo de milhões de horas.
Eu esperei por você a minha vida inteira.
Eu te tive por uma vida inteira.
Mas uma tempestade levou todos os meus sonhos e amores embora.
Agora ando com as cicatrizes de todas essas perdas.
Há dias em que me esqueço do amor que perdi.
Há dias em que não consigo respirar sem ele.
Há dias em que as músicas são só músicas, que os sons são só sons, que as frases são só palavras, que as memórias são só retratos.
Há dias em que as ruas me cercam e me sufocam, que as letras me cegam, que os encontros me transportam diretamente para um outro tempo.
Neste outro tempo eu era feliz e também não era. Neste tempo de agora eu sou feliz e também não sou.
As tuas marcas não são cicatrizes saradas, são feridas que não curam. Elas fecham e abre do dia pra noite.
Às vezes a luz da lua me faz sangrar, às vezes ela me faz esquecer.
Às vezes o vento alivia as tensões, às vezes faz com que elas aumentem.
Eu caminho com as cicatrizes e feridas de um amor de uma vida inteira.
E quando você me vê sorrindo e vivendo não percebe que elas gritam e me rasgam por dentro.
Quando você me vê seguindo e fazendo acontecer não percebe minhas manhãs confusas e apáticas.
E parece que ninguém sabe.
Ninguém pode saber.
Não há quem compreenda esta batalha que dura mais de um ano.
Batalha que eu não consigo vencer
Porque eu nem sei
Quem está lutando contra quem.

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