quinta-feira, 19 de julho de 2018

Partículas de palavras

Corpos que se desencontram
para se encontrar.
Palavras quentes
presas em tubulações.
O ar desce e sobe.
A respiração fica ofegante.
Já não consigo controlar.
Mas espero.
Inspiro as palavras para dentro, novamente.
E então escuto
o que eu ia dizer.
Em poucas palavras.
Aquelas poucas palavras.
E então as palavras quentes
esfriaram em contato com o ar.
As cores que pintei no seu cabelo
foram desbotando
a cada vez que seus olhos desviavam dos meus.
A cada vez que sua boca não falava comigo.
O roxo foi se tornando um violeta claro
O azul foi se transformando num verde sem força
O rosa sumiu
e o verde grudou.
Talvez a insistência do verde, fosse a mesma que a minha.
Um orgulho atravessado pelo medo das palavras não ditas.
Uma vontade de dizer que ficou colada na garganta.
A força do azul, que foi indo embora junto com a água corrente, talvez fosse a minha própria fraqueza. A falta de força para controlar a mente e para impedir as mentiras de sussurrarem no meu ouvido.
O rosa talvez fosse eu. Que tão vibrante no ínicio, era motivo de exaltação. E foi se esvaindo, se transformando num laranja sem marcas até sumir de você.
Já não chove mais na ilha e a gota pinga sozinha.
Eu sou o rosa que sumiu de você e você é o rosa que sumiu de mim.