Eu sempre tive medo de trovões, raios, relâmpagos.
Sempre que eles aconteciam eu fazia de tudo para me esconder.
Não queria ouvir o barulho, ver as luzes nem sentir as vibrações.
Eu sentia medo.
Mas agora que estou no meio de uma tempestade,
com a vida virada completamente de cabeça para baixo,
eu sinto.
Escuto todos os sons estridentes que parecem me ensurdecer.
Vejo as luzes mudarem completamente as cores e formatos dos céus. Sinto as vibrações de todo raio que cai na areia. E tremo com elas. Cada parte do meu corpo treme e se transforma
nesse instante.
Agora estou sentada na minha praia azul. Naquela em que tantas vezes me afoguei. E todos esses sentimentos me dão vontade de respirar. Puxo o ar para dentro dos pulmões com mais força do que minhas tragadas nos cigarros das ilusões. E enquanto o ar percorre minha garganta vou me sentindo respirar.
Emergir.
E percebo então que eu não respirava há muito tempo. Sinto o gelado e o quente da fumaça das transformações e só quero soltar isso tudo pela minha boca.
Quando solto, enfim, percebo que prendia minha respiração há tanto tempo que já nem sabia mais dizer quando foi a última vez que respirei.
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